Este livro infanto-juvenil é uma paródia do famoso conto “Branca de Neve e os Sete Anões”. Sete paródias, na verdade, “As Sete Brancas de Neve e os Quarenta e Nove Anões”. Cada versão possui algum desvio da história original que, para fazer sentido, propaga-se em cadeia pelo resto da trama, como uma grande e branca bola de neve, “As Sete Bolas de Neve Brancas”, “As Sete Bolas Brancas de Neve”, “As Sete Brancas de Neve”.
Disponível em três opções: 1) Livro físico bilíngue: português nas páginas pares e inglês nas ímpares; 2) eBook em português; e 3) eBook em inglês.
Depois de assistir ao filme do Walt Disney várias vezes por dia em vários meses (talvez anos), a pedido dos filhos, Cristie propôs a brincadeira de imaginar o que aconteceria se a Branca de Neve fosse menos submissa, se não tivesse mordido a maçã, se a bruxa no fundo fosse uma boa pessoa, se o espelho mentisse... E assim o livro foi tomando corpo, a partir da distorção da história original dos irmãos Grimm. A trama se iniciava obscura, como uma estrada encoberta por neblina. Ao caminhar, a neblina se dissipava e era possível enxergar o caminho. A trama revelava o caminho a trilhar na aventura durante a narração, e reclamava os elementos necessários para a produção de determinados sentidos.
O livro é composto de sete histórias com sete variações dos mesmos protagonistas. Os desenhos foram preenchidos com colagem, linhas de nanquim, ou coloridos com lápis de cor, aquarela ou ecoline. As ilustrações selecionadas abaixo foram pintadas com aquarela nas partes claras e ecoline nas partes escuras, e contornadas com nanquim.
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O planeta Terra estava maravilhoso após os seis dias da criação. Deus concebera criaturas tão originais que não deixava dúvida quanto à Sua existência. Só mesmo um Ser Supremo seria capaz de realizar tal obra. Quando chegou a vez do Homem, Deus já estava cansado de inventar. Decidiu copiar. Chamou Seus assistentes e delegou:
— Façamos o Homem à nossa imagem e semelhança. E foi descansar no sétimo dia.
Os assistentes não podiam criar o Homem do ar, do pó, do barro, nem de coisa alguma, pois, apesar de santos, não eram deuses. Eles tinham que escolher um ser vivo já formado para dele derivar o Homo sapiens. Escolheram o macaco (ou um ancestral comum do Homem e do macaco). Era o animal mais fácil de transformar. A cada geração, alteravam os genes e os primatas nasciam com características mais humanas.
Quando era quase macaco, o Homem grunhia, arrastava as mãos no chão e tinha pelos por todo o corpo e no rosto. Gradualmente foi se transformando até que um dia estabilizou. Demorou um pouco, mas afinal, o que são milhares de anos para quem tem a eternidade? Finalmente os assistentes também podiam descansar.
Chamaram Deus e mostraram o que haviam feito. Deus batizou o primeiro homem estabilizado de Adão e a mulher de Eva. Deus que tudo sabe e que escreve certo por linhas tortas avisou-os sobre a maçã, o fruto proibido. Pegou-os na Sua mão gigante, abençoou-os e assoprou, espalhando os dois pela face da Terra como grãos de areia.
— Cresçam e multipliquem-se.
E assim começa a história de Adão e Eva, príncipe e princesa do planeta, destinados ao domínio sobre os peixes do mar, as aves do céu e os animais da terra.
Eva cedo foi apelidada de Branquela de Neve. Não que fosse tão branca, mas o rosto e o corpo sem pelos é que a tornava diferente das outras fêmeas. Sem a proteção dos pelos, a mulher sentia frio e preferia viver nas cavernas, em vez de morar em árvores, como o resto do grupo. Os chimpanzés não podiam entender o favoritismo de Deus pela espécie humana, que parecia frágil demais.
Infelizmente a mãe de Branquela de Neve morrera no parto, comum naquela época, pois os recursos médicos eram escassos. Seu pai morrera numa guerra, também comum na época, pois os povos do mundo eram ainda muito primitivos. Só havia lhe restado a madrasta.
Quando a menina cresceu, a rainha teve ciúme da sua beleza e destino. Não pôde obrigar Branquela a se vestir de trapos, porque na época todos andavam nus. Não pôde forçar Branquela a trabalhar feito criada, porque Deus ainda não havia inventado o trabalho. Então, a única maldade que pensou em fazer foi provar a Deus que a raça humana não deveria ser a escolhida.
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The planet Earth was wonderful after the six days of creation. God conceived so many original creatures that left no doubt about His existence. Only a Supreme Intelligence could have such competence. When the time came for humans, God was tired of inventing and decided to copy. He called His assistants and delegated:
“Make man in our image after our likeness.” And He went to rest on the seventh day.
The assistants could not create man from air, dust, mud, whatever, because, despite being saints, they were not gods. They had to choose a living being already formed from which to derive Homo sapiens. They chose the monkey (or a common ape-like ancestor). It was the easiest animal to transform. Every new generation the genes were modified and the primates gained more human characteristics.
When he was still almost an ape, man grunted, walked dragging his hands on the ground and had hair completely covering his body and face. Gradually he evolved until one day he stabilized. It took a while, but what are thousands of years for those who have an eternity? Finally the assistants could rest too.
They called up God and showed what they had done. God named the first whole man Adam, and the first whole woman Eve. God, who knows all and who writes straight with crooked lines, warned them about the apple, the forbidden fruit. He held the humans in his giant hand, blessed them and blew, spreading the two across the face of the Earth, like grains of sand.
“Be fruitful and multiply.”
And so the story of Adam and Eve begins, prince and princess of the planet, destined to the dominion over all the fish in the sea, birds in the air, and animals on earth.
Eve was soon nicknamed Snow Whitey. Not because her skin was so white, but the hairless face and body made her different from the other females. Without the protection of fur, the human felt cold and preferred to live isolated in a cave, rather than in trees, like did the troops of monkeys. The chimps could not understand God’s favoritism for mankind, which seemed too fragile.
Unfortunately Snow Whitey’s mother died in childbirth, common at that time, because medical resources were scarce. Her father died in a war, also common at that time, because the world’s peoples were still very primitive. Her stepmother was the only family she had left.
When the girl grew up, the queen was jealous of her appearance and destiny. She could not force Whitey to dress in rags, because at that time all went naked. She could not force Whitey to work like a maid, because God had not invented work yet. So the only evil she thought of doing was to prove to God that mankind should not be the chosen race.
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“Criativo e envolvente... faz querer mais. Abre um leque de possibilidades, não só para a fantasia, mas para a própria realidade. Tudo pode acontecer. O mundo torna-se um lugar possível. Nada é o que parece, não existem vilões, apenas escolhas.” – Júlio Barbosa, Professor, poeta e compositor, Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo.
“Cristie toma um conto clássico e o renova, adicionando ideias novas e referências inteligentes que mantêm o leitor envolvido e ativo. O livro As Sete Brancas de Neve inspira pensamento, imaginação, admiração e riso em português e inglês.” – William Robert Schumacher Junior, Professor de Inglês, Bacharel em Artes e Ciências, Universidade do Arizona.
"Uma engraçada e envolvente coleção de sete histórias do tipo ‘E se?’. E se Branca de Neve fosse feia? E se o príncipe não tivesse se casado com Branca de Neve? Essas histórias lindamente trabalhadas entretêm em mais de um nível; todos eles fabulosos!” – Simon Tharby, Tradutor e Professor de Inglês, Mestre em Psicologia pela Universidade do leste de Londres, e diploma CELTA pela Universidade de Cambridge.